Pular para o conteúdo principal

TROCA DE SEGREDOS


VOVÔ CHEGA COM UM PACOTE E NÃO LARGA PARA NADA.

- VOVÔ, QUE EMBRULHO É ESSE?

- ISSO NÃO É UM EMBRULHO. É O MEU COFRE, ONDE GUARDO MEUS SEGREDOS. 

VOVÔ ABRE O SEU EMBRULHO E VAI RETIRANDO AS COISAS QUE ESTÃO LÁ DENTRO.

VAI ME MOSTRANDO COISAS QUE GUARDA A VIDA TODA: UMA COLEÇÃO DE TAMPINHAS DE CERVEJA, UM ÁLBUM DE FIGURINHAS DO CARLITOS, UMA COLEÇÃO DO TICO-TICO, DOIS TIMES DE FUTEBOL DE BOTÃO COM GOLEIROS FEITOS DE CAIXINHAS DE FÓSFORO, UMA PORÇÃO DE PIÕES, FERRINHOS DE JOGAR FINCA, UM CARRINHO MOVIDO A CORDA E QUE NÃO CAI DA MESA, UM PAPAGAIO FEITO COM PAPEL CHINÊS, ARCOS E FLECHAS DE BAMBU, UM DIABOLÔ, UM BILBOQUÊ, UM TABULEIRO DE DAMAS E UM JOGO DE XADREZ, ALÉM DE OUTRAS COISAS MAIS.

NÃO VEJO NENHUM SEGREDO EM NADA DAQUILO. PARA MIM SÃO LEMBRANÇAS DE SEU TEMPO DE MENINO.

FICO MEIO SEM GRAÇA. COLEÇÕES EU TAMBÉM TENHO. É VERDADE QUE NUNCA SOLTEI PAPAGAIO, NEM NUNCA JOGUEI FUTEBOL DE BOTÃO, ASSIM COMO IGNORO COMO SE JOGA PIÃO E DIABOLÔ.

DEPOIS DE ALGUM TEMPO EU CONVIDO O VOVÔ PARA JOGAR VIDEOGAME. COITADO, NUNCA VI NINGUÉM MAIS SEM JEITO. NÃO CONSEGUE FAZER NENHUM PONTO. PARECE QUE NÃO ENTENDE AS REGRAS DO BRINQUEDO. ELE SE CANSA DE ME VER JOGAR E ME CONVIDA PARA BRINCAR DE PIÃO.  ME ENTREGA O PIÃO E FICO SEM SABER O QUE FAZER.

ELE PEGA OUTRO PIÃO, PASSA A FIEIRA EM VOLTA DELE, FAZ UM GESTO RÁPIDO COM A MÃO E O PIÃO ESTÁ ALI RODANDO, RODANDO. JÁ PREPAROU OUTRO E LOGO OUTRO, E TRÊS PIÕES JUNTOS SE MOVIMENTAM.

NA HORA DE IR EMBORA, ELE ME PEDE EMPRESTADO O VIDEOGAME E EU LHE DIGO:

- PODE LEVAR, MAS DEIXE UM DE SEUS PIÕES COMIGO.

ELE ME ENTREGA TODOS E EU FICO HORAS TREINANDO.

PASSAM-SE OS DIAS. FICO SABENDO QUE O VOVÔ ESTÁ GANHANDO DISPARADO DE SEUS AMIGOS NO VIDEOGAME.  ELE AINDA NÃO SABE QUE NA PRÓXIMA SEMANA VAI HAVER UM CAMPEONATO DE PIÃO NA ESCOLA E EU SOU O FAVORITO, POIS DESCOBRI TODOS OS SEGREDOS DO PIÃO.

 

TROCA DE SEGREDOS. BELO HORIZONTE: LÊ, 1995, P. 5 – 14. (FRAGMENTO).


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Conto de mistério - Perseguição

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Um conto de mistério tem como característica uma história que pode ser sobrenatural ou somente um suspense, com uma situação mal resolvida onde as peças vão se encaixando no decorrer da narrativa, sem tantas pistas para o leitor, atingindo o clímax onde há a explicação. Leia o conto de mistério a seguir e responda as questões em seu caderno:   Perseguição Meia noite, cansado e com sono, lá estava eu, andando pelas ruas sujas e desertas dessa cidade. Minhas únicas companhias eram a Lua e alguns animais de vida noturna. Num canto havia um cão e um gato tentando encontrar alimentos, revirando latas de lixo. Em outro ponto da rua, ratos entravam e saíam de um esgoto próximo à padaria da esquina. Eu estava tentando lembrar por que havia saído tão tarde do emprego, quando ouvi uns passos atrás de mim. Caminhei mais depressa, sem olhar para trás. Comecei a tremer e a suar frio. Coração acelerado. Aqueles passos não paravam de me perseguir. Virei depressa. ...

Gráfico - modalidades esportivas

Uma escola resolveu fazer uma pesquisa para saber o esporte preferido dos alunos. O resultado foi apresentado em um gráfico setorial. Veja os dados e responda as questões em seu caderno. 1- Você já estudou esse tipo de gráfico? Sabe como é conhecido? 2- Qual foi o esporte preferido dos alunos? 3- Quantos dados o gráfico apresenta? 4- A cor vermelha refere-se a qual esporte? 5- Qual a porcentagem de alunos que gostam de vôlei? 6- É possível saber quantos alunos participaram da pesquisa?

Produção de Texto - Reescrita do conto “Sopa de Pedras”

Conhecemos, nesta semana, o conto de artimanha “Sopa de Pedra” e as traquinagens de Pedro Malasartes. Agora você irá escrever, com suas palavras , a continuação do conto. Lembre-se dos parágrafos, dos diálogos e da utilização da letra maiúscula. Em seu caderno coloque o cabeçalho completo e escreva a continuação do conto. Não é preciso copiar o início que está abaixo. Lembre-se: é para usar as suas palavras! Sopa de Pedras Um dia, Pedro Malasartes vinha pela estrada, com fome, e chegou a uma casa onde morava uma velha muito pão-duro. - Sou um pobre viajante, faminto e cansado. Venho andando de muito longe, há três anos, três meses, três semanas, três dias, três noites, três horas... - Pare com isso e diga logo o que quer – interrompeu a mulher. - É que estou com fome. Será que a senhora podia me ajudar? - Não tem nada de comer nesta casa – foi logo dizendo a velha. Ele olhou em volta, viu um curral cheio de vacas, um galinheiro cheio de galinhas, umas gaiolas cheias de coelhos, um chiq...