Ao toque do sino,
sineta ou sinal, um tempo para se divertir no pátio, no parque ou no recreio.
Cada um faz o que quer. Tem criança que joga, brinca, conversa, imagina, fala
de coisa séria ou engraçada, de problema, ou faz piada.
O Roberto no futebol,
com seus chutes e sonho de artilheiro, como se fosse o melhor do time.
O Zeca, um grande
goleiro, com seus pulos e as mãos agarrando.
O Mateus gosta de ser
juiz.
A bola voou e passou
por um triz pelo Nando? Tem menino que é assim: está mais para conversar.
André sobe na árvore
depois desce, chama o Vitor. Os dois juntos, pega-pega, gira-gira,
esconde-esconde.
Tem menino quieto que
olha e o recreio fica a observar. Tem outro que grita e ri. Cada macaco no seu
galho.
A Lia sonha. Um filme
passado na cabeça, dirigido pelo coração, com a cena que ela quiser e os atores
que escolher: a Tarsila, sua prima, e o Guto, o melhor amigo do irmão. O final
que ela desejar.
Tem mãos que ficam
grudadas. Tem segredo, história, doce, risada. E tem a Dora, que ficou brava e
está com saudade de casa, da ninhada da Liloca e de segurar quentinho todos os
três cachorrinhos.
Outra vida é no faz-de-conta:
a Marina é a mãe e a Luiza, a professora. Quem é que pode ser o pai?
Tem menina na peteca,
na corda, no elástico e na roda. Música e festa, bolo e velinha de galho, forma
de concha e sereia, brigadeiro de areia.
Tem lanche que é
demorado e tem o amigo que quer trocar o sanduíche pelo biscoito, a banana pela
maçã.
Figurinha repetida,
tem até jogo de bafo. E o Joaquim com o joelho ralado e machucado. Tudo vai
logo passar.
Tem gente que fica
triste e chora. E sempre tem um que consola. A dor no coração da Ana e o nó na
garganta, quando Pedro fica de mal. Tem o esforço no dedo mindinho. Quer, não
quer, titubeia, mas fica de bem no final. Amigos de novo e para sempre, até que
bata o sinal.
No intervalo do
mundo, a vida correndo no pátio, no parque ou lá no fundo do quintal. A gente
pode ver e contar, mas nunca dá para medir com a régua, com o metro ou
apontando o dedo quem é que foi a criança mais feliz do recreio.
ANA CAROLINA CARVALHO, autora deste conto, é psicóloga, formadora de professores
e de leitores e autora do Blog Pena De Aluguel.
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